16 de fev. de 2006

Control X - João Bobo

É muito chato. Tudo bem, a gente entende, todo mundo é assim, todo mundo balança. Até a terra, que gira, também dá lá suas balançadinhas. Mas é cansativo conviver com pessoas que vivem num eterno equilíbrio instável, como um João Bobo.

O João Bobo, você sabe, é um brinquedo composto por uma base sólida bem pequena e um ego inflado de ar. Aos olhos de quem vê o João Bobo parece imenso, mas basta um sopro pra ele sair do prumo.

E os habitantes do planeta terra neste século XXI parecem estar atacados por uma síndrome do João Bobo. Base sólida ninguém tem, nem de caráter, nem de ética, só um saquinho de areia no fundo. Sobre ele, constroem egos inchados de vento, achando que alcançaram o topo do mundo. Mas na primeira buzinada no trânsito, na primeira frustração num guichê, perdem a cabeça. E saem gritando, xingando,atirando. As mulheres atacadas pelo efeito João Bobo, ficam histéricas e oscilam pendularmente pela menor bobagem.

Se fosse só no plano pessoal, não seria tão grave. Mas o que dizer de uma guerra deflagrada por charges num jornal? De histerias de fãs e fanáticos que culminam em mortes? É triste, mas estamos muito desequilibrados. Não que a solução seja ficar sentado sob uma figueira mas um pouco de silêncio e meditação pode ajudar na busca pelo equilíbrio.

O silêncio acalma a mente, esvazia a ansiedade, desincha o ego, lava a alma. Aplaca os desejos. E ficar quieto, sentado sobre os ísquios, respirando pausadamente, fortalece a musculatura, corrige a coluna e tonifica o corpo. Muito melhor do que viver balançando como um João bobo.

Por Rosana Hermann

Recortado do excelente http://blonicas.zip.net

6 de fev. de 2006

Estrada da fome

Fantástico!!!
Alguns buracos se transformam em abismos intransponíveis, intapáveis.
E lá se vão Bolsa Família, Vale Gás ou Fome Zero tentar encobrir o que não se pode.
"Pior é saber que a Operação Tapa-Tudo, está dando muito certo, antes mesmo de começar."

3 de fev. de 2006

A vida pede parada

A verticalização caiu em cima da hora, no meio do jogo. E me deu uma vontade danada de falar sobre o que vem de cima para baixo.
Por aqui caiu o mundo na cabeça de um jovem de 20 e poucos anos. Mais um jovem morto em circunstâncias de violência extrema.
- Coisa comum, dirão os menos atentos.
O mais chocante, talvez sinal dos tempos em que a juventude não tem causas pra lutar, quanto mais pra morrer, é que o jovem em questão estava aguardando a morte numa parada de ônibus. A vida pediu parada, a morte deu carona. E pela quarta vez em poucos anos, uma pessoa morre esmagada pela inércia de uma cidade que insiste em permanecer na linha.

Um pé na faixa, outro na cova

Andar na linha agora também é andar na faixa.
Educados pela TV a agir como nunca fizemos. Não conseguimos parar. Falta freio porque educação não funciona por controle remoto. E por mais que a cidade se orgulhe da telecidadania, quem paga a conta da covardia que é um herói-bom-moço morto?
Restrinja-se a crítica à campanha promovida pela Prefeitura Municipal apenas ao que toca o papel do Estado. Só cabe a crítica ao poder, cheio de boas intenções no fogo do inferno. A crítica ao pé na faixa é só revolta contra o pé na cova que João Pessoa enterrou faz tempo.