28 de fev. de 2008

INDIECA -VOLUME III (Holly Golightly)



A nossa resenha pede um tempo para o indie rock e decide se embrenhar pelo folk-rock de Holly Golightly.

A cantora que usa o nome da famosa protagonista vivida por Audrey Hepburn em Bonequinha de Luxo (1961), filme baseado em um roteiro adaptado do romance Breakfest at Tiffany’s escrito por Truman Capote, nasceu na Inglaterra e toca um som cheio de referências do blues, soul e folk rock americano.
Holly já fez registros em diversas bandas como The Whitestripes, Mudhoney, Rocket From The Crypts e The Greenhornes. De 1991 até 1999, anos em que gravou 6 discos com a sua banda de Garage Punk, Thee Headcoatees, Holly acumulou bastante experiência no rock n’ roll.

Seus discos solo, porém são todos dedicados ao folk rock com pitadas de blues espalhadas aqui e ali, a exemplo das faixas, There is an end e Tell me now so I know gravadas para a trilha sonora do filme Broken Flowers (2005)

O disco You Can't Buy A Gun When You're Crying (2007) foi gravado com a banda The Brokeoffs, e aprofunda as raízes no folk,como você pode conferir na faixa Devil Do, que podia entrar no setlist do The Whitestripes sem ser sequer notada. Aliás, os irmãos White estão tão próximos de Holly Golightly, que além de abrir vários shows da dupla, a cantora já fez inclusive os vocais da canção It's True That We Love One Another (Elephant, 2003), em que Jack, Meg e Holly celebram quase numa toada country, as afinidades e o amor que os unem.

Depois de tanta água, agora deixa rolar o som.
Aproveitem.

Devil do




There is an End


entre a vida e a morte ou a crônica do noticiário

O Brasil passou de devedor a credor, pagou e apagou o FMI dos muros pichados das grandes cidades enterrando a diversão de milhares de militantes juvenis da esquerda revolucionária brasileira. Os EUA estão em baixa, à beira da recessão e com uma crise imobiliária que faz os mutuários da Caixa Econômica Federal no Brasil se sentirem orgulhosos dos seus saldos devedores.

O cinema nacional está em festa: em menos de 10 anos ganhou seu segundo Urso de Ouro de melhor filme no Festival de Berlim, desta vez com o cult-pop, Tropa de Elite. Que Costa Gavras não nos escute, as más línguas creditam o sucesso do filme no festival ao reconhecido gosto alemão por tendências fascistas: heil, Nascimento!

A CPMF reencarnou em forma de aumento no IOF. Os cartões de crédito corporativos fizeram lembrar Cazuza e cortaram como navalha a cabeça de uma Ministra da Igualdade, que resolveu mostrar a cara. Na esquina do meu trabalho, a Gangue da Moto Preta matou um integrante da Família dos Amarelos, a Imprensa Marrom escreveu algumas linhas, mas o assunto como sempre passou em brancas nuvens. Então, vida que segue.

O Flamengo ganhou do Vasco, mas a torcida cantou vice de novo pro Botafogo. José Dirceu, o galã da esquerda latino-americana, se mantém como consultor e não cansa a beleza porque não vive sem os seus cremes. Fidel Castro ainda não disse adiós, mas a América já acena com um hasta la vista, baby.

No Rio de Janeiro, ninguém sabe quem é polícia, milícia ou traficante, os políticos procuram respostas em Medellín enquanto a população, feliz, se esquiva das balas perdidas, dançando o Créu

Em São Paulo, primeiro foi o PCC, depois os motoboys e agora foi a chuva que parou a cidade: ninguém entra, ninguém sai. A classe média, agora elite branca, não tá nem aí pros direitos dos mano, pou. Nem das mina, pá. Tá ligado? A prefeitura quer revitalizar o Centro, o Corinthians quer construir um estádio. A população quer andar pela cidade, mas se correr o marginal pega e se ficar, a marginal, alagada, come.

E antes que subam os créditos, minha filha precisa dormir e eu preciso pensar, porque o país inteiro está jantando agora e as pessoas da sala de jantar são ocupadas.

Boa noite.

22 de fev. de 2008

Fidelização


Se há algo que sempre me chamou a atenção em relação ao comunismo foi a impressão de que só o capitalismo seria capaz de produzir miséria. Com o passar dos tempos e dos regimes comunistas e socialistas por todo o mundo, o mito caiu por terra e mar, só faltava a ilha. No entanto, ainda que o Comunismo Revolucionário Cubano esteja se esvaindo, Fidel Castro pode se gabar de ter criado em Cuba uma espécie de pobreza qualificada: gente letrada e formada em boas escolas, mas sem o auxílio completamente supérfluo dessas coisas retrógradas que se convencionaram chamar de emprego, mercado, dinheiro, etc.

Há na ilha, semanticamente cada vez mais ilha, um "exército-cabeça" de barriga vazia acostumado à rotina de livro pra comida e pra educação.

Cuba hoje tem atletas, cientistas, médicos, professores e até escolas de cinema de vanguarda, todos ilhados e prontos para preservar os ideais da revolução para além dos discursos do comandante-em-chefe.

Fidel renunciou ao cargo de presidente, mas não ao poder. Poder, aliás, que corrompe tanto no capitalismo quanto no comunismo.

INDIECA - VOLUME II (PUEBLO)

Banda Sueca que toca um rock pra lá de melancólico muito parecido com bandas como Arcade Fire e Smog. Nas pesquisas que começaram através da indicação do trio Peter, Bjorn and John feita na seção “Listas” da Rolling Stone até a versão sueca do Last.FM, ficam claras as referências do country rock e do pós-punk britânico do final dos anos 80. A música que escolhi pra ilustrar foi Streetfighting, segunda faixa do único disco da banda, Darkness Keeps on Rising.Ouça e guarde para escutar naquelas manhãs chuvosas de maio perto de alguma janela, mas cuidado pra não cair!

Streetfighting