4 de mai. de 2009

A crônica do noticiário ou mudar pra quê se você pode se adaptar

Não há nada melhor para mudar paradigmas, opiniões, conceitos, pré-conceitos, regimes e sistemas do que os tempos de vacas magras. Desde que o samba é samba é assim, e só escapa dessa arapuca existencial quem consegue se adaptar. Um exemplo? A disciplina e o milenar hábito de replicar dos chineses que conseguiu piratear até o capitalismo. Ainda em janeiro chamei atenção ao fato de que os tempos são outros e fenômenos nunca dantes imaginados ocorrem aos borbotões nessa Terra de meu Deus.

Lula, agora o político mais popular do planeta segundo Obama, escreve artigos para o Le Monde e pro Financial Times . Dizem que Diogo Mainardi, desde então, anda roxo de inveja. Clodovil virou purpurina antes de se enlamear com mais um escândalo do Congresso. Os parlamentares brasileiros com passagens aéreas nas mãos jogaram mais um tema de interesse público na privada, mas ao menos agora existe uma explicação, no melhor estilo política de redução de danos, para o apagão aéreo (lembra?): a culpa pelos atrasos e acidentes nos vôos ano passado sempre foi dos parentes e aderentes de deputados e a gente não sabia, ô raça.

Jarbas Vasconcellos atirou no pé , tentou, mas “quem tirou Fernando Gabeira do posto de reserva moral da nação foi Joaquim Barbosa” que, entre farpas, cobras e lagartos nas seções do STF, deu um cala-boca em Gilmar Mendes desafiando-o a pronunciar Protógenes ao contrário. Amy Winehouse passou as férias no Caribe enquanto Fábio Assunção e Casagrande provaram que celebridade brasileira sob contrato com a Globo também dá uns tecos. Lula, surfando na marola, colocou a culpa da crise mundial nos loiros de olhos azuis. Dilma Roussef – com linfoma e tudo – continua nas graças do presidente, a oposição esperneia reclamando de campanha eleitoral fora de época e a Ministra responde fazendo pose de Miss Simpatia a frente do PAC. Roberto Carlos fez festa para celebrar seus 50 anos de carreira acompanhado por piratas Somalis que resolveram tocar o terror na costa do Oceano Índico ao som de We are the World.

O Brasil força a barra para entrar no Conselho de Segurança da ONU através do sistema de cotas, Chuck Norris faz paródia de Bráulio Tavares e torce pro deserto virar mar e o Texas ficar independente. No Rio, o melhor atacante do Flamengo é um zagueiro do Botafogo, o choque de ordem foi apelidado de Operação Enxuga-Gelo e a Vila Cruzeiro ganhou ares de Petrópolis com direito a imperador e dia do fico. Na Paraíba pós-embargos e com ajuda do acordo ortográfico, Cássio Cunha Lima foi despejado e o Estado enfim, pôde dormir tranquilo ao passo que Maranhão penetrava com todos os trocadilhos e piadas de duplo sentido pelas portas do palácio onde Ariano Suassuna um dia ousou andar nu, boa noite!