Após o resultado das eleições, cansei de ler muita gente
fazer pouco caso das manifestações de junho de 2013. “O gigante acordou, abriu
a porta da geladeira, coçou a bunda e voltou a dormir”.
O que ninguém tem coragem de admitir é que foram os
desocupados do Movimento Passe Livre, os primeiros a colocar pulgas atrás da
orelha de um país novorriquista cheio de esqueletos no armário. Enquanto alguns
chatos pegavam no pé dos gastos com a Copa, a maioria surfava de boa na maré da
economia aquecida, trocando seu carro de ano em ano sob as bênçãos da redução
do IPI. Estava tudo dois!
Quando o MPL deu início aos protestos reclamando do
transporte público, contrapondo a ideia geral de que estava tudo andando e
jogando luz sobre as péssimas condições de mobilidade das principais cidades
brasileiras, a reação da maioria foi o de sempre: “filhinhos de papai
atrapalhando a vida de quem precisa trabalhar” ou os coliformes verbais de
Arnaldo Jabor comparando os protestos com as ações do PCC em 2006.
Acabada a eleição que dividiu o país entre coxinhas e
petralhas, foi preciso subir a gasolina do SUV, o Eike Batista falir e o Dólar virar Euro, para a classe social, a qual me incluo, descobrir pela
primeira vez que vivemos em um país escroto. Um país que melhorou em alguns
aspectos, mas que continua dinheirista, mal-educado e desumano principalmente
contra quem não tem onde cair morto.
Agora, que a rua foi legitimada como local
para o protesto, vamos todos gritar e bater a nossa panela contra a sacanagem
instituída, mas acho que seria de bom tom lembrar a rapaziada que começou tudo
lá atrás, em junho de 2013. Eles tinham razão, porra: não era só por 20 centavos e 7x1 foi pouco!
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