13 de jul. de 2005

MALAS, CUECAS E EXPLOSÕES

Falar do mar de lama em que se mergulhou a política de nosso país é chutar cachorro morto. A política brasileira é suja, sem excessões. Afinal, soa como ingênua a idéia de que foram os barbudinhos do PT que criaram toda esta intrincada rede de influência que faz brotar dinheiro em malas e cuecas mundo afora.
Chegou a hora de generalizar. No Brasil, não existe político honesto. O máximo que se pode admitir como verossímil é que o político que não é ladrão, é cúmplice da roubalheira, talvez uma cumplicidade forçada pelo espírito de corpo, mas ainda assim uma conivência criminosa. É a Lei do Deixa-Que-Eu-Deixo que impera soberana na República do Faça-O-Que-Eu-Digo-Não-Faça-O-Que-Eu-Faço.

O extrato realmente relevante desta crise está na descrença das pessoas nas chamadas instituições. Ninguém mais acredita na encenação teatral em que se transformou a democracia republicana, o público não engole mais monólogos extensos, discursos inflamados, propostas politicamente corretas, posições aparentemente coerentes. Todo mundo sabe que em político não se pode confiar. Todo mundo sabe que funcionário público não trabalha. Todo mundo sabe que todo Governo paga por apoio, a diferença está apenas na moeda. O que mais impressiona nesta crise é o quanto ridícula é a nossa representação, a escória moral transmitida ao vivo e narrada com todos os vossas senhorias e excelências a que se tem direito. É a causa pública achincalhada pela privada, é um show de horror e humor ao mesmo tempo. Parece o fim anunciado de um mundo que sabe de tudo e finge não saber de nada. É o ônibus que explode em Londres, é a mala de dinheiro para pagar fornecedores, é a coroação do cinismo como bem maior da pós-modernidade.

Para quem como eu, um dia acreditou que o PT fosse um partido diferente, cabe o conselho: por mais verdadeiros que eles possam parecer, não acredite em símbolos!