31 de dez. de 2009

Retroperspectiva 2009/2010 - A crônica do noticiário

Para determinadas realidades, a melhor maneira de começar a explicar 2009 é começando por 2010. Em João Pessoa, por exemplo, dois aliados de ocasião travam um embate eleitoral tão intenso que as partes não conseguiram segurar a expectativa e marcaram o início de suas campanhas para a noite de réveillon nas duas principais praias da cidade. Nas Minas Gerais, o sobrinho de Tancredo manda avisar que não quer mais o lugar do filho do Brasil. A Casas Bahia agora é do Pão de Açúcar, a Perdigão é da Sadia e o mensalão do Dem.

No mundo não teve acordo, a COP15 acabou cheia de boas intenções e o inferno na terra garantiu quorum permanente. Obama ganhou o Nobel da paz no mesmo ano em que mandou mais soldados ao Afeganistão e só sossegou quando se certificou de que Kanye West não compareceria ao discurso de agradecimento em Oslo.

Confuso diante de tantos tacos, bolas e buracos, Tiger Woods pulou a cerca. Roger Federer casou, chegou a final de 4 Grand Slams, ganhou 2 e teve gêmeas, enquanto isso no Flamengo, Adriano faltou a um treino para fazer vasectomia.

No ano das redes sociais Michael Jackson morreu antes no twitter, soubemos que Sacha foi alfabetizada em Inglês ao dizer que faria uma “sena com uma cobra” e na Paraíba, Maranhão determinou: –“Twitter é coisa de desocupado”.

No Rio, o tráfico derrubou helicóptero, em São Paulo fecharam o cerco aos fumantes e a Cracolândia virou franquia com unidades espalhadas por todo o Brasil.
Para, supostamente, salvar o erotismo Fernanda Young desfilou sua inteligência nas páginas de Playboy, tempos depois Leila Lopes cometeu suicídio.

O mesmo Supremo que lavou as mãos como Pilatos no caso Batisti, se inspirou em Salomão para decidir o caso do garoto Sean, o pai – data venia, já avisou que quer as custas processuais de volta.

Em 2009 coisas improváveis aconteceram: a General Motors pediu concordata, Susan Boyle emocionou o mundo, o Flamengo foi campeão brasileiro e – imaginem, quase deu pro Rubinho na Fórmula 1.

No ano em que descobriram os atos secretos, Lombardi morreu, mas o bigode de Sarney continua imortal.
E isso é só o começo porque em 2010 tem eleição e copa do mundo no país do carnaval, não me diga mais quem é você porque amanhã tudo volta ao normal.

Feliz ano novo.

21 de ago. de 2009

A crônica do noticiário

Desde a última vez em que consegui relatar as tramas e entranhas da notícia, muita coisa aconteceu.

Michael Jackson se foi deixando Tim Maia morto de inveja: deu cano na turnê de despedida e ainda vendeu ingressos pro funeral. Gênio.

A internet foi oficialmente inaugurada como palco dos escândalos na Paraíba. Primeiro, um padre foi descoberto fazendo participação especial numa suruba no interior do Estado, depois, o assassino da chacina do Rangel apareceu tomando porrada no youtube: há quem diga que essa foi a mais eficaz ação do Governo da Paraíba na área de segurança publica. Perguntado sobre o episódio, o Governador Maranhão contemporizou: -"Eu tenho é pena dele."

Em Brasília, depois que Lina Vieira encarnou o espírito de Francenildo, Antônio Pallocci surge como nova opção do Lulismo pra 2010. Em sua defesa, a Miss Simpatia, Dilma Roussef abriu o verbo: cada povo tem o caseiro que merece.

No futebol, a torcida do Corinthians fez um minuto de silêncio pela morte de Andrea Albertini, o Fluminense pelo segundo ano consecutivo brinca no Brasileiro e o São Paulo se inspira na proposta de terceiro mandato do Lula para ser tetra em 2009.

Na fórmula 1, após o acidente, além do risco de perder a vaga no cockpit da Ferrari, Felipe Massa morre de medo de assumir o lugar de Luciano Burti nas transmissões da Globo: haja coração! Nelsinho Piquet foi saído da Renault e Rubinho que ficou aliviado com a ex-volta do alemão, teve que engolir Usain Bolt.

No Senado, o Conselho de Ética arquivou todas as denúncias contra Sarney e confirmou o velho adágio: conselho bom não se dá, se vende. Mais tarde, a Bela Adormecida acordou com um beijo do sapo barbudo: Aloísio Mercadante foi dormir prometendo que era ex-líder do PT e acordou mais líder do que nunca.

No Brasil até os escândalos são desmoralizados. E assim nasce e morre a indignação nossa de cada dia: os acusados são absolvidos com suas honras e patrimônios lavados à base de dinheiro.

17 de jun. de 2009

Profissionais do Ano informa:

Boas notícias para os que me conhecem: semana passada, fui indicado junto com a equipe que dirijo na Faz Comunicação ao Prêmio Profissionais do Ano.

Isso já não é lá grandes novidades pro mercado, mas hoje trago novas e quentes informações sobre o disputado prêmio oferecido pela Rede Glóbulo de Televisão.

Segundo o site clickmarket, os vencedores do Profissionais do Ano 2009 serão divulgados no próximo – nem tão próximo assim, dia 1º de Setembro em Fortaleza.

Ok, já sabemos a data. Mas e as peças das outras agências concorrentes ao prêmio?

Meu faro apurado de repórter percorreu pistas espalhadas pela Web e agora você pode conferir em primeira mão quais os filmes que disputam com a Faz a honraria de vencedor da categoria mercado do Profissionais do Ano Norte-Nordeste.

Assista e torça por mim na final:

Faz (PB) - Aprovação para Curso Clássico Valdenora Nogueira

Trio Propaganda (BA) - Mordida para Murilo Rangel Odontologia

Gruponove (PE) - Camisas para o desodorante Floral

Ideia 3 (BA) - Descontos para Videohobby

Trio Propaganda (BA) - Abajour para Spa Pousada da Conquista

4 de mai. de 2009

A crônica do noticiário ou mudar pra quê se você pode se adaptar

Não há nada melhor para mudar paradigmas, opiniões, conceitos, pré-conceitos, regimes e sistemas do que os tempos de vacas magras. Desde que o samba é samba é assim, e só escapa dessa arapuca existencial quem consegue se adaptar. Um exemplo? A disciplina e o milenar hábito de replicar dos chineses que conseguiu piratear até o capitalismo. Ainda em janeiro chamei atenção ao fato de que os tempos são outros e fenômenos nunca dantes imaginados ocorrem aos borbotões nessa Terra de meu Deus.

Lula, agora o político mais popular do planeta segundo Obama, escreve artigos para o Le Monde e pro Financial Times . Dizem que Diogo Mainardi, desde então, anda roxo de inveja. Clodovil virou purpurina antes de se enlamear com mais um escândalo do Congresso. Os parlamentares brasileiros com passagens aéreas nas mãos jogaram mais um tema de interesse público na privada, mas ao menos agora existe uma explicação, no melhor estilo política de redução de danos, para o apagão aéreo (lembra?): a culpa pelos atrasos e acidentes nos vôos ano passado sempre foi dos parentes e aderentes de deputados e a gente não sabia, ô raça.

Jarbas Vasconcellos atirou no pé , tentou, mas “quem tirou Fernando Gabeira do posto de reserva moral da nação foi Joaquim Barbosa” que, entre farpas, cobras e lagartos nas seções do STF, deu um cala-boca em Gilmar Mendes desafiando-o a pronunciar Protógenes ao contrário. Amy Winehouse passou as férias no Caribe enquanto Fábio Assunção e Casagrande provaram que celebridade brasileira sob contrato com a Globo também dá uns tecos. Lula, surfando na marola, colocou a culpa da crise mundial nos loiros de olhos azuis. Dilma Roussef – com linfoma e tudo – continua nas graças do presidente, a oposição esperneia reclamando de campanha eleitoral fora de época e a Ministra responde fazendo pose de Miss Simpatia a frente do PAC. Roberto Carlos fez festa para celebrar seus 50 anos de carreira acompanhado por piratas Somalis que resolveram tocar o terror na costa do Oceano Índico ao som de We are the World.

O Brasil força a barra para entrar no Conselho de Segurança da ONU através do sistema de cotas, Chuck Norris faz paródia de Bráulio Tavares e torce pro deserto virar mar e o Texas ficar independente. No Rio, o melhor atacante do Flamengo é um zagueiro do Botafogo, o choque de ordem foi apelidado de Operação Enxuga-Gelo e a Vila Cruzeiro ganhou ares de Petrópolis com direito a imperador e dia do fico. Na Paraíba pós-embargos e com ajuda do acordo ortográfico, Cássio Cunha Lima foi despejado e o Estado enfim, pôde dormir tranquilo ao passo que Maranhão penetrava com todos os trocadilhos e piadas de duplo sentido pelas portas do palácio onde Ariano Suassuna um dia ousou andar nu, boa noite!

18 de mar. de 2009

anônimo e hipócrita - não dá pra ser quando você tem opinião

Interessante observar os comentários das pessoas, quase todas anônimas, no blog A culpa é do cliente.

Antigamente era outro o rebuliço, causado pelo então fotolog Agoralascou. Mais ou menos nessa mesma época, a Zag soltou uma série de anúncios institucionais como esse, se posicionando frontalmente contra as más práticas da propaganda. Em uma das peças, havia inclusive uma confrontação direta às outras agências, com informações que davam conta de que a agência dispunha de muito mais knowhow que as outras, e que por isso os clientes não deveriam perder tempo e dinheiro. Lembro que à epoca, fui um dos que reagiu irado contra aquele aparente absurdo que era atirar contra as outras agências, os colegas e etc... Mas olhando para trás e, principalmente lendo este anúncio, vejo como estava equivocado. O que a Zag fez, não só com esses anúncios que eu julgo brilhantes, foi algo que até hoje pouquíssimas pessoas fizeram pela propaganda paraibana. A Zag deu uma lição a todo mundo, inclusive a mim, do que era o diabo do posicionamento. Quem dispunha de arsenal neurônico para compreender além das linhas, sabia que naqueles anúncios existia uma mensagem maior do que simplesmente: somos bons.

Tomei como exemplo essa história para lamentar que todo mundo leia o tal blog e que o máximo que se consiga fazer seja encher uma caixa de comentários de impropérios, piadinhas e outras sacanagens.

Não sei se existe culpa exclusiva pelos trabalhos fracos, malfeitos, feitos com desdém. Mas senti vontade de comentar quando observei que o blog apócrifo conseguiu dar uma lição de moral no mercado. Ninguém parou em nenhum momento pra avaliar nada. Apareceram alguns pra defender as peças, outros para falar do dono da agência, outros pra falar da agência, outros para pedir que se postassem peças boas ao invés de peças ruins, xingamentos ao dono do blog,saiu de tudo, menos comentários lúcidos sobre a qualidade da peça.

A minha opinião sobre a peça foi postada sob o codinome de Eitador, apenas por uma questão de constrangimento. Conheço boa parte das pessoas que participaram do trabalho e achei que seria deselegante, mas olha...acho que me arrependi. Não há o que temer quando você emite uma opinião sobre qualquer coisa desde que você embase, tenha argumentos suficientes para segurar a onda. E quanto ao que disse no comentário, é exatamente aquilo mesmo que queria dizer.

As duas peças são fracas. A primeira é quase um informecial, só que toscamente produzido. Coisa aliás que já fiz em minha carreira, já vi roteiros criados por mim naufragarem pela minha falta de inspiração, pela falta de profissionalismo do cliente, do fornecedor e da agência. Isso mesmo, a Culpa nunca é de alguém isoladamente.

A peça institucional da Tag Group tem uma arte que poderia chamar de agradável, existe aí um trabalho de direção de arte, sim. Mas Direção de Arte - perdão pela redundância, sem um texto convincente: não convence. A campanha como um todo não diz nada sobre o que é a agência. A única coisa que faz questão de frisar é a experiencia do seu dono. Aliás, legitimamente. Mas o que a Tag oferece que só ela tem? Anos de Experiência? A Real, a Oficina, a GCA, a Antares deixam-na no chinelo. Foco no planejamento estratégico? Com uma campanha institucional que não define nem os próprios atributos que se quer vender, não me parece que seja o caso.
Foco na excelência criativa? Não preciso falar sobre isso. Tomando a liberdade de dizer no que a Tag Group é diferente: Frank Ramalho e sua empresa sempre foram um reflexo entre si, desde a época em que ainda era estagiário em um pequeno escritório da Ponto D na Torre: uma empresa arrojada, eficiente, agressiva, objetiva e ao longo do tempo organizada e sólida. É isso que a Tag tem que nenhuma outra agencia, tem.

A pouquissimo tempo vi na Internet uma polêmica envolvendo a discussão entre 2 grandes publicitários brasileiros: Nizan Guanaes e Fabio Fernandes. Um defendendo um certo tipo de procedimento, outro colocando novos modelos sobre a crise. E o mercado é assim: a Tag é o que é porque quem a dirige quer que assim seja e acho que deveria sempre anunciar-se ao mercado assim. Somos bons porque somos matadores. Com a gente não tem gracinha. Nossa agência é especialista em matar job. E pronto. O que há de errado nisso? Ou será que só na Tag se mata job? Acho que a hipocrisia é que leva a criação de peças como essa de Obama, Madonna ou Amy Winehouse, seja lá qual famoso ou artifício bonitinho para não ser verdadeiro e transparente. A Tag não é sinônimo de sucesso do Obama. A Tag é, forçando muito, sinônimo de sucesso do Lula, por exemplo. Um brasileiro humilde, trabalhador e que chegou a presidente após anos de trabalho e muita insistência. A Tag mata jobs, é isso aí. O que mais há de se discutir sobre isso?

Faço questão de afirmar que o modelo de negócios vencedor da Tag Group, a mim , não parece o mais correto. Mas não sou dono da verdade. Eu, como profissional graças a Deus, ainda posso escolher onde e como trabalhar da melhor maneira. E acho que é por aí. O profissional precisa se acostumar a ter opinião, ser contra ou a favor, se expressar, tomar partido nas questões que envolvem o dia-a-dia do seu trabalho. Porque a pior coisa do mundo é estar em um lugar sem sentir paixão pelo que faz. É se aliar a má vontade, a preguiça e a leniência para se aproveitar e colocar a culpa no outro, assim como se coloca a culpa no cliente. Fazer anúncios ruins, não reclamar das condições em que se trabalha, se acomodar porque a verba é curta e o prazo apertado não são solução pra engradecimento profissional de ninguém.

ps.
É bom que se diga, aliás, que comecei a trabalhar em publicidade como estagiário de criação na Ponto D, em 2000. Logo, estava ali nos primeiros 2 anos de experiência de F. Ramalho.

12 de jan. de 2009

acordo ortográfico em trinta segundos

Os tempos são outros.
Ora, veja, hoje ideia não tem mais acento.
Para a alegria dos Franklins, Washingtons e Allyssons, as 23 letras do alfabeto agora são 26.
O hífen, esse incompreendido, acaba de entrar quentinho no forno de micro-ondas.
O acento de voo, foi-se.
E ainda que o trema não mais exista, você não pode sair por ai enchendo linguiça, não é verdade?
A língua evolui, e você?