12 de mar. de 2005

DESLIGUE A TELEVISÃO E VÁ LER UM LIVRO !

Há mais em nossa TV do que as subestimantes novelas. Assistir à TV pode ser um exercício educativo dos mais surpreendentes, mesmo que seja no mais improvável dos horários: o famigerado domingo à tarde.

Além da preguiça, o tédio é outro estimulante perigoso para que o cidadão incorra na aventura de tentar achar algo construtivo no domingo à tarde. Mas eu tentei. Passei de passagem pelos golpes de Chuck Norris, me esquivei da vida de princesa que alguém resolveu levar e pus na MTV. Me deparei com uma tela preta com letras garrafais acompanhadas de um bip contínuo e uma voz que se repetia randomicamente imperativa: Desligue a televisão e vá ler um livro!
Foi surpreendente. Tanto quanto chato. Afinal eu estava com pelo menos três casos de leitura incompletos por preguiça.

Não desliguei a TV.
– “Não vai me enganar”.
Mudei de canal e pus no futebol. O jogo nem era do meu time, muito pelo contrário. Mas mesmo assim foi um alívio, ao menos momentâneo. Porque, pouquíssimo tempo depois, percebi que a iniciativa educativa e/ou construtiva não parou apenas na porra-louquice da MTV. Enquanto os torcedores preparavam os bandeirões no estádio e em milhões de lares, o "típico macho brasileiro" ia à geladeira pegar a cerveja pra assistir o futebol, um anúncio alertava para o uso consciente do crédito: – “Só use seu cheque em situações realmente especiais. Afinal, por isso que ele é chamado de cheque especial”.
Por si já seria extraordinário. Levando em conta então, que o anunciante deste íntegro comercial era um banco, ( talvez o maior banco particular do país) o episódio ganha contornos de "Além da Imaginação".

O que será que está acontecendo no mundo?
Parei um instante para analisar isso tudo e cheguei a inúmeras respostas pouco conclusivas: A TV mediando um mundo que mudou; um chute nos modelos prontos a serem seguidos pelos jovens estudantes de comunicação; um soco na boca do estômago de publicitários engraçadinhos; uma ode ao consumidor moderno, consciente e responsável; um mea culpa tardio do sistema; ou talvez nada disso...

Voltei ao bom e velho futebol porque, por enquanto, não dá pra acreditar que a revolução vai passar na TV. Pelo menos ao vivo, não. Quem sabe só os melhores momentos?

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