28 de ago. de 2006

It's The End Of The World As We Know It

Bem vindo à era da irrelevância da política.

Fica fácil decretar em um ambiente assim tão propício. Mas a verdade é que há 17 anos não caiu apenas o Muro de Berlim. Com o muro caíram o socialismo, o comunismo e todas as ideologias políticas que hoje só existem no discurso. A política – não só no Brasil, é bom que se diga – se transformou numa promiscuidade só: liberais; conservadores; neoliberais; extrema-direita; trabalhistas; republicanos; democratas; social-democratas; radicais; moderados; tucanos e petistas; estão todos juntos no mesmo saco, prontos para morrer, não pela causa, e sim pela boca – assim que assumirem o poder.

A política hoje deve fazer Maquiavel revirar no túmulo. A máxima maquiavélica de que os fins justificam os meios foi corrompida. O fim é comum a todos: tomar o poder, aparelhá-lo, subjugar seus opositores e se perpetuar por anos a fio. Os meios se universalizaram: o lobby, o spinning, as mesadas, mensalões e beiradas não distingüem programas nem plataformas.

Os meios já não precisam de justificativa, os ardis já não espantam ninguém – o que é comum, é normal. A ideologia está lá apenas como peça de decoração, todos sabem de cor, mesmo que não entendam bulhufas do que falam. Faça um teste. Peça para alguém dos Sem Terra explicar a base ideológica do movimento, não sem antes, fechar os olhos. Ao som das palavras de ordem contra a burguesia capitalista, contra a exploração do proletariado, você vai fazer uma viagem no tempo, vai se sentir na própria Revolução Russa e é capaz de sair por aí arrancando até muda de capim.

Sem a contradição que foi exterminada definitivamente depois que os sonhos de padaria das esquerdas sublimaram-se tal qual naftalina. Fazer política, acreditar na política hoje é algo dissonante da realidade. Em 1989, a política se desmanchou no ar, a cortina de ferro se abriu e o tempo parou. O muro caiu, a ficha ainda não.

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