28 de ago. de 2006

Ao contrário? Muito pelo contrário.

O excelente Roberto Pompeu de Toledo de Veja, tentou. Mas as evidências não me deixam calar. Não há como contemporizar com a atual crise ética da politicália nacional. Com mensaleiros, confrades ou sanguessugas não tem conversa. Aliás, têm conversas, muitas, todas de preferência abafadas por panos dos mais quentes.

Sob o pretexto de tentar evidenciar que ainda restava ética entre os pares de parlamentares envolvidos em casos de corrupção, Pompeu celebrou o fato de que em uma casa legislativa – Assembléia Legislativa de Rondônia – composta por 25 deputados, ainda existia um único pilar da dignidade cercado por propinas e cochichos por todos os lados. O apelo para que os leitores fizessem o exercício de “ler os números ao contrário” me fez lembrar o trecho de um artigo que escrevi no auge da crise mensaleira: “Chegou a hora de generalizar. No Brasil, não existe político honesto. O máximo que se pode admitir como verossímil é que o político que não é ladrão, é cúmplice da roubalheira, talvez uma cumplicidade forçada pelo espírito de corpo, mas ainda assim uma conivência criminosa. É a Lei do Deixa-Que-Eu-Deixo que impera soberana na República do Faça-O-Que-Eu-Digo-Não-Faça-O-Que-Eu-Faço.”

No Brasil, meu caro Pompeu, entre ativos, passivos e permissivos; queimaram-se todos.

Um comentário:

Alex Camilo disse...

Pois é caro LC, o negócio tá brabo e na Paraíba tá mais do que hardcore. Imagina ter que escolher entre um sanguessuga e um confrade para assumir a cadeira paraibana no Senado Federal? Podem até dizer: não, mas tem o Vital Farias! Mas esse, coitado, embora aparentemente bem intensionado, não tem verba, não tem máquina, não tem partido, não tem espaço e segundo alguns não tem lá também muita moral, nem no seu habitat natural. E aí, o que sobra? Anular o voto ou ficar esperando o espurgo que nunca virá? Me diga aí um homem de bem que tenha coragem de se lançar político?
Soube de uma pesquisa, veiculada no site Nomínimo, que chegou à conclusão no mínimo interessante: A moral do brasileiro é plástica maleável. A grande maioria dos intrevistados bradavam furiosos de moaralidade quando se falava em pequenos roubos, gente que assalta, que invade terra etc. Diziam tem que ira pra cadeia, ladrão tem que ir pra cadeia! Porém quando perguntaram aos mesmos: Se você fosse político e tivesse condição de ganhar muito dinheiro, legislando em benefício próprio, desviando recursos e beneficiando famíliares? Eles responderam que se estivessem lá fariam exatamente a mesma coisa. É esse o problema meu amigo, a gente é tolerante com essa corja justamente por eles serem o nosso espelho, eles realmente nos representam. Outro dia em depoimento a uma CPI, Marcola falou: com vocês podem ficar aí jogando tudo isso na minha cara, se vcs são todos ladrões assim como eu? E aí, a gente pode fazer o que? Quem sabe devamos ser mais tolerantes com os larápios de meia tigela e até com os medianos do PCC. Pra que descriminar? Deixa os bichinhos roubarem também... Eu já comecei a fazer minha parte, fiquei até feliz quando cheguei de viagem e descobri que haviam roubado meu botijão de gás. Passei uma semana pra poder comprar um outro. R$35,00 o botijão e o mesmo da carga. Isso num pais que se gaba de ser independente em petróleo. kkkkkkkkkkkkkkkkkk. Pois agora deixo escrito: podem me roubar a vontade meninos eu não me importo não, quem manda eu não ter coragem de roubar também...