28 de ago. de 2006

Por entre emendas e brechas: o nascedouro das beiradas e mensalões

Dono de imobiliária faz campanha com uma agência, fecha todas as negociações, a comissão da agência é paga por fora, depois do acerto direto com fornecedores. Não pode usar foto porque o cliente não pode pagar. O cliente lembra que não pode pagar foto. E determina: "Mas é aí que vocês têm que ser criativos."

O cliente resolve abrir espaços para artistas. Os artistas criam suas obras, registram suas obras e as vinculam à marca do ciente, em troca ganham o prazer de poder expôr suas obras como souvenirs de ponto de venda. O artista se rebaixa mas acha que o mecenas, aliás, o cliente, é um verdadeiro visionário das artes.

O cliente resolve então fazer outra campanha. De antemão avisa: "Não tenho dinheiro pra pagar". Quem paga a conta são construtores que vão por seus empreendimentos nos anúncios do cliente. Na verdade quem paga são os fornecedores dos construtores, que têm a honra de poder investir em grandes empresas visionárias, especialistas em negócios de baixo custo e alta rentabilidade. Mas aí, os fornecedores expõem outra faceta, na verdade quem paga a campanha do grande mecenas-cliente-visionário-das-artes-especialista-em-negócios-de-baixo-custo-e-alta-rentabilidade não é o construtor, nem ele fornecedor. O fornecedor acaba de fechar um contrato milionário para tapar buracos de todas as Rodovias Federais, na verdade, como o contrato foi fechado com o governo – que não paga – ocorre um justo acréscimo no preço licitado, afinal nada mais justo do que se preservar do calote do Estado. Na verdade, nem é preciso se preocupar, a agência fez a campanha pro mecenas-cliente-visionário-das-artes-especialista-em-negócios-de-baixo-custo-e-alta-rentabilidade, mas o construtor pagou parte da conta dividida com o seu fornecedor, que contou com a ajuda de um contrato milionário para recauchutar rodovias, levemente inflacionado por uma reserva contra o calote e uma partezinha de fundo de campanha, afinal vem eleição por aí. Assim, garante-se mais obras, já que o fornecedor está lá pra cooperar, o construtor também e a agência…

Bem, a agência com a parte que lhe cabe. Pode, de repente, até pegar a conta da ponta, apostar no marketing político, quem sabe?

Por isso que o Lula não sabe nada do Mensalão. Ô golpezinho bobo perto do status quo.

* Comentário sobre artigo de Amândio Cardoso publicado por Celso Muniz. As lições de poder que a publicidade ensina.

Um comentário:

Alex Camilo disse...

Tá achando ruim? kkkkkkkkkk, tu devia é se sentir orgulhoso de trabalhar para um crientchi dessa envergadura!!! KKKKKKKKKKKK!!! Aliás, acho que a gente devia era pagar para ter esse prazer. KKKKKKKKK!!!