28 de fev. de 2008

entre a vida e a morte ou a crônica do noticiário

O Brasil passou de devedor a credor, pagou e apagou o FMI dos muros pichados das grandes cidades enterrando a diversão de milhares de militantes juvenis da esquerda revolucionária brasileira. Os EUA estão em baixa, à beira da recessão e com uma crise imobiliária que faz os mutuários da Caixa Econômica Federal no Brasil se sentirem orgulhosos dos seus saldos devedores.

O cinema nacional está em festa: em menos de 10 anos ganhou seu segundo Urso de Ouro de melhor filme no Festival de Berlim, desta vez com o cult-pop, Tropa de Elite. Que Costa Gavras não nos escute, as más línguas creditam o sucesso do filme no festival ao reconhecido gosto alemão por tendências fascistas: heil, Nascimento!

A CPMF reencarnou em forma de aumento no IOF. Os cartões de crédito corporativos fizeram lembrar Cazuza e cortaram como navalha a cabeça de uma Ministra da Igualdade, que resolveu mostrar a cara. Na esquina do meu trabalho, a Gangue da Moto Preta matou um integrante da Família dos Amarelos, a Imprensa Marrom escreveu algumas linhas, mas o assunto como sempre passou em brancas nuvens. Então, vida que segue.

O Flamengo ganhou do Vasco, mas a torcida cantou vice de novo pro Botafogo. José Dirceu, o galã da esquerda latino-americana, se mantém como consultor e não cansa a beleza porque não vive sem os seus cremes. Fidel Castro ainda não disse adiós, mas a América já acena com um hasta la vista, baby.

No Rio de Janeiro, ninguém sabe quem é polícia, milícia ou traficante, os políticos procuram respostas em Medellín enquanto a população, feliz, se esquiva das balas perdidas, dançando o Créu

Em São Paulo, primeiro foi o PCC, depois os motoboys e agora foi a chuva que parou a cidade: ninguém entra, ninguém sai. A classe média, agora elite branca, não tá nem aí pros direitos dos mano, pou. Nem das mina, pá. Tá ligado? A prefeitura quer revitalizar o Centro, o Corinthians quer construir um estádio. A população quer andar pela cidade, mas se correr o marginal pega e se ficar, a marginal, alagada, come.

E antes que subam os créditos, minha filha precisa dormir e eu preciso pensar, porque o país inteiro está jantando agora e as pessoas da sala de jantar são ocupadas.

Boa noite.

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